Coutada 11 em Sofala reintroduz chitas extintas há 30 anos
A
Coutada 11, concessionada à Delta Zambeze Safaris, há 27 anos, localizada no
complexo de Marromeu, distrito com o mesmo nome, na província de Sofala,
reintroduziu uma espécie animal extinta naquela região há mais de 30 anos, no
âmbito de repovoamento animal. Trata-se de um carnívoro denominado chita,
também conhecido como “onça africana”.
As
chitas enfrentam o risco de extinção, devido a mudanças climáticas, caça
furtiva e destruição do habitat. A onça africana é, fisicamente, muito parecida
com o leopardo e é o mamífero terrestre mais veloz do mundo, podendo atingir,
em curta distância, cerca de 150 quilómetros por hora. Na fase adulta, pesa
cerca de 70 quilos e pode atingir um metro e meio de comprimento.
A
empresa Delta Zambeze Safaris, com o apoio da Administração Nacional das Áreas
de Conservação, realizou, com sucesso, uma operação de translocação das chitas,
das quais 11 são provenientes da África do Sul e uma do Malawi, oferecidas a
Moçambique por parques e reservas daqueles países vizinhos.
A
translocação dos animais em referência, que ocorreu no passado dia 20 de Julho,
financiada pela Fundação da Família Cabala, dos Estados Unidos da América, é
considerada a maior operação realizada a nível internacional até agora. Os animais
foram colocados em cativeiros na Coutada 11 e foram libertos cerca de 40 dias
depois.
O
director dos Serviços de Conservação e Desenvolvimento Comunitário da
Administração Nacional das Áreas de Conservação, Armindo Aramane, referiu que a
reintrodução das chitas na Coutada 11, 30 anos depois, deve ser vista sob
várias dimensões, “entre elas ecológicas, pois se pretende estender o raio de
predadores nesta área, onde a população de herbívoros é muito alta. A chita é
uma espécie emblemática e vai, certamente, atrair muitos turistas para esta
zona e vai dar suporte ao ramo de turismo. Felizmente, esta coutada tem a caça
desportiva como uma das suas actividades principais, mas também faz turismo
topográfico. Esta acção vai contribuir no aumento de colheita das receitas que,
como se sabe, acabam, também, por beneficiar as comunidades locais”, afirmou
Aramane.
Para
Pacheco Faria, director da Delta Zambeze Safaris, “alcançada a paz no país, o
turismo passa a ser uma actividade importante e promissora. E, dentro das
várias disciplinas e categorias, o turismo cinegético e a caça desportiva
seriam importantes. Mas também não pensamos estritamente em matéria de negócio.
Nós estamos aqui com a consciência de que, enquanto fazemos negócios, também
estamos a participar na conservação da natureza. A Coutada 11 não é nossa, não
é uma terra privada, é uma conceção do Governo. Portanto, as chitas não são a
nossa propriedade, trouxemo-las para repovoamento e pertencem ao Estado
moçambicano”, Afirmou Pacheco
Espera-se
que, dentro de 15 anos, haja, na Coutada 11, 100 chitas, como fruto da
reprodução das que acabam de ser reintroduzidas. Para tal, a administradora do
distrito pediu à comunidade que reside nos arredores, cerca de duas mil
pessoas, a contribuir no sucesso da iniciativa.
A
chita é uma espécie muito procurada pelos caçadores furtivos, facto que levou
os actuais gestores da Coutada 11 a aprimorarem a fiscalização naquela área de
conservação, destacando os seus fiscais de meios para a realização das suas
actividades. Só este ano, cerca de 50 processos relacionados com caça furtiva
na Coutada 11 deram entrada no Tribunal Judicial do distrito de Marromeu.
Importa
referir que, em meados de 2018, a mesma fundação financiou a translocação de 24
leões, o que contribuiu para o aumento daquela população animal, agora estimada
em 70.
Fonte:
O Pais
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