Deslocados de Cabo Delgado já têm talhões para habitação em Sofala
Nos
últimos dois meses, o terrorismo forçou 180 pessoas – 32 famílias – a
deslocarem-se do distrito de Mocímboa da Praia, na província de Cabo-Delgado,
para a cidade da Beira, em Sofala, com recurso a meios próprios. As autoridades
iniciaram a distribuição de talhões para a construção de casas, em Savane,
distrito de Dondo.
Mocímboa
da Praia fica a cerca de 1.500 quilómetros do Chiveve. Fugindo dos terroristas,
as referidas famílias procuraram refúgio junto de seus parentes, amigos e foram
acolhidas em diferentes bairros da cidade da Beira.
Em
algumas casas, os 180 cidadãos viviam com mais de 15 pessoas e sobrevivam de
apoios oferecidos pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e
pessoas de boa-fé. No último fim-de-semana começou a distribuição de talhões em
Savane, distrito de Dondo.
O
INGC disponibilizou tendas para as famílias recomeçarem a vida nos novos locais
de residência.
Pira
Sumail, de 65 anos de idade, fugiu de Mocímboa da Praia na companhia da sua
esposa e três filhos. Para ele, recomeçar é difícil. Todavia, “o mais
importante” é a vida. “Estamos vivos, com forças e saúde. Vamos recomeçar a
preparar o nosso futuro”.
“O
nosso maior desejo é ter uma casa mas não temos fundos para tal. Resta-nos
residir nestas tendas até haver soluções. Queremos uma enxada para cultivar.
Não podemos viver eternamente dependentes do Governo. Aproveito pedir ao
Governo para encontrar soluções” de acabar com “os massacres que ocorrem em Mocímboa
da Praia”, lamentou Sumail.
Maria
Zuca, outra deslocada de Mocímboa da Praia, pediu o melhoramento do meio
ambiente e apoio na construção de casas.
“O
governo deu-nos terreno e tendas. Muito bem. Lamentamos o deficiente saneamento
de meio. Não temos sanitários e somos mais de 180 pessoas. É uma situação que
pode contribuir para o surgimento de doenças. Na nossa opinião, é urgente que
disponibilizem sanitários ou que nos ajudem a construí-los. Estamos aqui
definitivamente. Pelo menos eu e a minha família não tencionamos retornar para
Cabo Delgado e sendo assim temos que criar condições mínimas para a nossa
sobrevivência, incluindo alimentação”, disse Maria Zuca.
Teixeira
Almeida, delegado do INGC em Sofala, reconheceu que as vítimas da violência
armada em Mocímboa da Praia precisam de melhores condições de saneamento do
meio em Savane.
“Realmente,
neste momento, a questão de saneamento nos 32 talhões ainda não está”
acautelada. O processo depende do apoio de parceiros, “mas decidimos avançar
com a atribuição dos talhões porque estas famílias viviam em condições
desumanas, confinadas em pequenos apartamentos com mais de 15 pessoas”, disse o
responsável do INGC.
Segundo
Teixeira gosto Almeida, “em Savane, cada família tem o seu espaço e a sua
tenda. Neste momento” as casas de banho serão partilhadas com “as pessoas que
já lá residem, nomeadamente os afectados pelo ciclone Idai. Quanto à
alimentação, importa referir que, recentemente, distribuímos bens alimentares e
não só, suficientes para 30 dias”.
Fonte:
O Pais
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