Deslocados pelo terrorismo em Cabo Delgado terão talhões na Beira
O
drama em Cabo Delgado tende a alastrar-se para outras regiões do país. Depois
de Nampula e Zambézia, agora é a vez da província de Sofala, onde os residentes
da Mocímboa da Praia procuram refúgio, por causa do terrorismo naquele ponto do
norte do país.
Nos
últimos 10 dias, 36 famílias – ao todo são 180 pessoas – chegaram à cidade da
Beira por meios próprios e estão em diferentes bairros. Alguns deslocados estão
em casa de parentes e outras foram acolhidas por pessoas de boa vontade.
Vinte
e duas das 180 pessoas, das quais oito crianças, todas elas membros da mesma
família, residem numa casa modesta do tipo um, no bairro da Manga Loforte. A
habitação foi arrendada por uma parente natural de Cabo Delgado e que vive na
cidade da Beira há vários anos.
A
reportagem do “O País” manteve contacto com algumas famílias oriundas de
Mocímboa da Praia e testemunhou a difícil situação em que estão alojadas neste
momento. Vivem em espaços diminutos dado o elevado número de gente.
Em
contacto com este jornal, os entrevistados contaram que na primeira semana de
Maio passado os insurgentes chegaram no seu distrito mas não maltrataram
ninguém. Apenas pretendiam confrontar as Forças de Defesa e Segurança.
Contudo,
dias depois as mesmas pessoas voltaram à comunidade, “mataram pessoas,
queimaram casas e destruíram vários bens. Fugimos para a mata onde permanecemos
cinco dias sem alimentos e nem água té sermos socorridos pelas Forças de Defesa
e Segurança”.
A
partir dessa altura, “as incursões dos terroristas passaram a ser frequentes e
numa das suas acções mataram dois parentes meus, um irmão e um tio com recurso
a armas de fogo enquanto saiam das suas machambas. No mesmo dia, a minha irmã
fugiu para a mata. Isto em finais de Junho. Desde lá até hoje, nunca mais
soubemos do paradeiro dela. Não sabemos se foi assassinada ou não. Ela deixou
um bebe de dois anos”, contou Modesta Limbwete, uma das deslocadas e acolhida
na Beira.
Porque
a violência armada passou a ser constante em Mocímboa da Praia, as 36 famílias
decidiram, de forma individual, abandonar o distrito e encontraram refúgio na
Beira, motivados por parentes e amigos.
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